domingo, 19 de maio de 2013

"Prometheus" e nossa ânsia por respostas


Prometheus, o filme, foi, em minha opinião, um dos grandes lançamentos em 2012. Tudo bem que sou suspeito pois adoro o gênero da ficção científica, assim como adoro vários gêneros de filmes. Na realidade, quando se trata de cinema não tenho grandes preconceitos. Nos anos 80, quando assisti Alien, o oitavo passageiro, o fascínio foi imenso. O filme já se tornou um clássico e, agora, Prometheus veio para oferecer uma espécie de "origem" ao assustador "alien".

Naquele momento, com "Alien" sabia-se que havia algo "além", pois a criatura que tinha dizimado uma nave, agora, atacava outra que viera em socorro na tentativa de encontrar sobreviventes. Mas, uma resposta nunca havia sido dada: de onde vinham tais criaturas?

Somente agora Ridley Scott oferece alguma explicação. A criatura seria uma criação, por parte de uma espécie (os "engenheiros"). Espécie que teria sido a responsável, também, por nossa criação, enquanto humanos. O problema é que as criaturas (aliens) haviam sido criadas com o objetivo de destruição da espécie humana. Algo deu errado, entetanto, e os próprios "engenheiros" foram destruídos em seu "laboratório". 

Mas, por quê destruir a nossa espécie? É aí que o filme fica interessante em minha opinião. Inicialmente motivados pela ideia de encontrar nossos "criadores" uma equipe de exploração parte em sua busca tentando responder às eternas questões: de onde viemos? quem somos? Questões filosóficas e científicas que as religiões tentam oferecer algum tipo de resposta.

Mas, quando tal equipe se depara com a questão da possível destruição da nossa espécie, outra pergunta se sobrepõe: o que fizemos de errado para ter que encarar nossa extinção? Essa mesma questão já havia sido colocada por outro filme clássico da ficção científica, "O dia em que a terra parou" (que teve uma refilmagem recente). Mas, essa polêmica só aparece de forma subjacente ao filme, embora fique bem nítida para mim, e acho que é o grande barato do filme. Desse modo, entendo que as questões filosóficas e científicas que sempre colocamos sobre nossa origem e destino perdem totalmente qualquer relevância diante de uma outra questão: o que estamos fazendo? o que deu errado?

Acredito que buscar explicações para nossa origem e destino pode ser legítimo e a expressão máximo de nossa racionalidade, mas poderão ser sempre questões sem resposta, como que fadadas a manter nossa racionalidade prisioneira de si mesmo. E que revelam aquele "sentimento oceânico" de que falava Freud quando tentava entender nosso apego à religião e à oportunidade de "enxergar" nossa origem.

Entretanto, pensar sobre o que estamos fazendo com nossas oportunidades de vida também é legítimo e pode ter resultados concretos. Quantas vezes já não parei e pensei comigo mesmo, diante de tantas barbaridades cometidas pelo ser humano: "nós não demos certo", "falimos enquanto espécie"...Talvez por isso eu tenha gostado tanto de Prometheus, pois nos lembra de nosso iminente "fracasso" enquanto espécie. Lembra-nos de nossa maior tragédia enquanto seres humanos: diante da possibilidade de paz, fracassamos.

Já que falei em "tragédia", numa hora dessas não há como esquecer a mitologia. Prometeu foi um titã que tentou dar a inteligência aos homens, e foi punido severamente por isto. Assim, talvez, no fundo, ainda estejamos buscando mesmo nossa maior inteligência: Não necessariamente saber de onde viemos ou para onde vamos, mas entender o que estamos fazemos com nós mesmos aqui, nesta vida.

Agora é esperar a continuação do filme. Tomara que Ridley Scott continue nos surpreendendo e respeitando a linha de ficção inaugurada com "2001, uma odisseia no espaço", de Stanley Kubrick. Afinal, a ficção científica não é aquela feita só com armas lasers ou bichinhos engraçados, mas também aquela feita com "buscas por respostas". Claro que, em minha opinião.

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