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quinta-feira, 1 de maio de 2014

Não quero ser somente ... "eu"!

As vezes pensamos tanto em buscar a nossa própria felicidade, as vezes nos concentramos tanto em sentir as nossas próprias dores que esquecemos que somos responsáveis por algo além de nós mesmos. Talvez isto não seja egoísmo, mas somente aquele desejo de ser feliz e ter alguma paz, e aí nos colocamos sempre em "primeiro lugar". 

Mas, e aquelas pessoas que dependem de nós? Existem momentos, então, que não podemos nos colocar em "primeiro lugar", afinal, quem sabe para sermos felizes não dependemos mesmo de lutar por fazermos os que estão mesmo do nosso lado felizes e retribuir um pouco do que já foi feito por nós? 

A felicidade e o fim de nossas dores, me parece, nunca é um processo "individual", uma conquista que alcanço "sozinho"! Eu preciso sempre de algo a mais, que seja mais do que simplesmente... "eu"! Não confundir isso com o fato de sermos "responsáveis" pela felicidade dos outros, embora sejamos, em parte, sim! Afinal os outros não são, também, responsáveis, um pouco, pela minha felicidade? Insistimos em ser felizes sozinhos, mas...

Isso parece ir um pouco de encontro aos pensamentos narcísicos, dominantes em nossa época. Mas quem disse que temos sempre que remar a favor da maré? As vezes é preciso coragem pra pensar e agir de forma diferente. 

(José Henrique P. e Silva)

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Machismo e Sexismo: Projetamos nossas culpas sobre o outro

Recentemente presenciamos aquela polêmica causada pelos dados de uma pesquisa divulgados erroneamente pelo IPEA sobre a violência contra a mulher. Independente da competência ou não do instituto e da veracidade das informações publicadas, o tema é relevante, principalmente aquele que foi maior objeto de polêmica: "a tolerância com o estupro".

O que se percebeu foi que o(a) brasileiro(a) tende a ser mais rigoroso(a) e critico(a) quando se trata de "violência doméstica". Nesse caso, é o próprio sujeito (que responde à pesquisa) que se coloca naquela posição e parece estar se autoavaliando, então ele não admite uma postura violenta. Mas, no caso do "estupro" fica evidente certa agressividade latente e a intolerância quando se encontra na "roupa curta" da mulher aquela tradicional justificativa necessária para transformá-la em algo "sem valor" e que merece punição. Nesse caso, ao contrário da "violência doméstica", quem responde (ele ou ela) não se sente julgado na pergunta e projeta para um suposto "outro" (agressor, estuprador, violento) sua própria raiva, agressividade, machismo e intolerância.

Lembrei muito de uma pesquisa feita pela Folha de S. Paulo há muitos anos atrás sobre o racismo, e o procedimento é similar, ou seja, o brasileiro não se "declara" racista (não assume), mas se "revela" racista através da ação do "outro", ou seja, afirmando que o "outro" é que "é" racista. O brasileiro continua o mesmo: "cordial" quanto ao outro, ou seja, nega ser racista e machista, mas o é através da ação dos outros. 

Então, esse sujeito que, de forma cínica, admite que a mulher que usa roupa curta merece ser violentada, é o mesmo que é capaz sim de estuprar e violentar. Ele apenas delegou, através de uma projeção, esta função para o criminoso. Se na pesquisa da Folha ele projeta o seu racismo sobre o outro, nesta pesquisa sobre violência ele projeta sua agressividade e sexismo sobre o outro, também.

Fazemos isto com o racismo, com a violência contra a mulher, com relação às leis, com relação aos políticos... ou não? Precisamos pensar sobre o nosso caráter e projetar menos sobre os outros nossos desejos e culpas e passar a termos mais indignação com a criminalidade, a discriminação, a corrupção, o "jeitinho", etc.!!! Ainda estamos engatinhando em termos de cidadania e respeito ao outro!!!

(José Henrique P. e Silva)