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domingo, 16 de junho de 2013

O Estadão e a cobertura da onda de protestos em São Paulo: do "vandalismo" à negociação

Ninguém ficou imune à onda de manifestações nestas últimas duas semanas. Mesmo quem somente observava, lançou um olhar mais atento tentando entender o que estava acontecendo. No meu caso, gostaria de contribuir com o que faço rotineiramente, ou seja, nesse caso específico, verificar as principais "reações" do Estadão às manifestações ocorridas, sem me preocupar, entretanto, com o debate interno entre colunistas e colaboradores. O que ganha importância, aqui, são seus títulos de capa, manchetes internas e editoriais. Como escrevi isto hoje, 16.06, pela manhã, véspera da 5a. manifestação, trata-se de algo escrito em meio a um rio caudaloso que não cessa. Portanto, é importante que, depois, venha a ser revisto, ou completado.

Tivemos até aqui quatro manifestações em São Paulo, nos dias 6, 7, 11 e 13 e o maior interesse é mostrar que, não somente as manifestações "evoluíram" na sua dinâmica interna, como a própria cobertura do Estadão foi assumindo outras conotações ao longo deste período. Claro que, em meio a tudo isto, é visível que a própria opinião pública, que não tem chances de ficar imune à discussão, tenha, também, a sua dinâmica na forma de entender e encarar as manifestações.

Estou falando, portanto, de um espaço público de discussão da política onde os principais atores (políticos, manifestantes, opinião pública e imprensa) mutuamente se influenciam ao longo de todo o processo. Querer, portanto, analisar a situação partindo de estereótipos traçados para cada um destes atores é, como sempre, incorrer em gravíssimo erro metodológico e de análise. Como, por exemplo, partir do suposto que um governo por ser do PSDB está mais propenso a "agredir" os manifestantes. O que aconteceu em Brasília, momentos antes do jogo da seleção brasileira, mostra que esta é uma questão complexa. Este é o "jogo de espelhos" do qual fala P. Charaudeau quando observa a relação entre a mídia e os demais atores da cena política: todos se influenciam mutuamente e criam dinâmicas específicas de discurso e ação.

Assim, todos influenciam-se mutuamente provocando alterações, por vezes substanciais, em sua atuação e seu discurso. O Movimento Passe Livre, por exemplo, passou de uma defesa da redução da passagem para algo mais genérico do tipo "lutamos pela melhoria do transporte", e se depara, também, com a questão da luta contra a corrupção no governo federal. Dado o caráter nacional, e internacional, das manifestações (solidariedades de brasileiros em vários países), o "tema unificador" caminha para ser o da "corrupção" e para ficar mais colado ao "Governo Dilma".

Da parte dos políticos, existe uma luta no sentido de evitar colocar-se como o alvo principal do movimento. E este acontecimento de ontem em Brasília, com ações duras da polícia contra manifestantes e as estonteantes vaias contra a presidente Dilma, só deixaram o quadro ainda mais confuso para todos. Contra quem, ou o que, estas manifestações lutam? Os movimentos do prefeito Haddad são um exemplo: no início mostrou disposição para o diálogo, depois seguiu a linha do governador Alckmin de mostrar-se resistente às manifestações, depois tentou descolar-se do problema e criticar severamente a ação policial. Pelo meio do caminho Haddad recebeu "apoio" do Ministro da Justiça Eduardo Cardozo em sua tentativa de culpabilizar a ação da PM e, por conseguinte, o governador Alckmin. São exemplos de como as posturas de todos os atores são dinâmicas e precisam ser captadas neste dinamismo, para que as análises não se tornem apenas caricaturas do real.

Mas, vou me concentrar na dinâmica específica do Estadão.

Numa tentativa de resumir esta dinâmica em uma frase, diria que a cobertura do Estadão acerca das manifestações passou, até o momento, por três fases distintas, mas relacionadas: a da indignação e raiva; a de maior percepção da realidade e do "outro"; e a da negociação e aceitação do fato como legítimo. Vejamos de forma mais didática.

A 1a. manifestação ocorreu no dia 6. Saindo das proximidades do Anhangabaú, chega a interditar avenidas como a 23 de Maio, 9 de Julho e Paulista, alcança o Shopping Paulista e estações do Metrô (Trianon, Brigadeiro e Vergueiro). A ênfase da cobertura do Estadão, no dia seguinte, dia 7, se dá sobre o "caos". O título de capa foi Protesto contra tarifa acaba em depredação e caos em SP e a principal manchete interna foi Protesto contra tarifa acaba em caos, fogo e depredação no centro, numa reafirmação do título de capa. As ilustrações, tanto de capa, quanto internas foram no sentido de evidenciar a "destruição" (jovens destruindo uma cabine da PM, estação do metrô depredada, barricadas com fogo no meio da rua). Apesar do impacto trazido pelas manchetes e pelas fotografias não houve manifestação do jornal através de editorial.

A 2a. manifestação ocorreu no dia seguinte, dia 7. Dessa vez, foi a Marginal do Pinheiros que foi afetada. Parte da estação Faria Lima do Metrô foi depredada e alguns alcançaram a av. Paulista, mas os confrontos foram mais reduzidos. No dia seguinte, dia 8, Estadão trouxe como título de capa: Protesto fecha a Marginal e lentidão chega a 226 km. Internamente, a principal manchete foi: No 2o. dia de confronto e destruição, protesto fecha Marginal do Pinheiros. A ênfase da cobertura continua sendo a "destruição", mas dessa vez, mais sob a ótica dos "engarrafamentos" causados e da perturbação da ordem dos habitantes da cidade. Uma "lógica" que sempre vem à tona quando o assunto é alguma das Marginais, que escoam grande parte do fluxo de carros na cidade. natural, portanto, que, dessa vez, as cenas de "destruição" dessem maior espaço às ilustrações da própria mobilização das pessoas. Recebe bom destaque, também, a iniciativa de se "cobrar" do Movimento Passe Livre, o prejuízo financeiro, principalmente da av. Paulista, e uma entrevista onde o prefeito Haddad diz que irá recorrer à Presidente Dilma para baixar a passagem. Pela primeira vez, o jornal se posiciona em termos editoriais: Puro vandalismo é o título do editorial. "Festival de vandalismo", "cidade refém", "bandos de irresponsáveis travestidos de manifestantes", "atrevimento dos manifestantes", "aterrorizar os passantes", "PM recebida a pedradas", "seus militantes são radicais". São estes os termos que definem o editorial que finaliza com uma forte crítica ao prefeito Haddad que "em vez de condenar o vandalismo se apressou a informar que está aberto ao diálogo". O apelo do jornal é para que as autoridades políticas tenham "firmeza" na manutenção da ordem.

A 3a. manifestação ocorreu no dia 11. Nos dias 09, 10 e 11 o jornal não trouxe em sua capa nenhum título com referências às manifestações. Apenas no dia 11, dia marcado para a terceira manifestação em SP, o jornal traz uma impactante foto do confronto ocorrido na véspera, no RJ, pelos mesmos motivos. Dessa vez, reunidos na av. Paulista, os manifestantes foram barrados e seguiram para o Parque D. Pedro II onde se deram choques e, ao final, retornaram para a av. Paulista onde os conflitos se intensificaram no final da noite. No dia seguinte, dia 12, o Estadão trouxe como título de capa: Maior protesto contra tarifas tem bombas e depredação. E, internamente, a principal manchete foi: Fogo, bombas e depredação no maior protesto contra as tarifas.

Entretanto, apesar de ainda trazer as ilustrações impactantes de policiais em choque direto com manifestantes, e estes pixando e colocando fogo em um ônibus, a cobertura do jornal começou a "notar" outras coisas além da "destruição" em si. Fala-se muito, por exemplo, do crescimento do movimento e da adesão de outras entidades e grupos sociais. O jornal dá destaque para a "irritação" do prefeito Haddad quando soube das depredações e sua disposição de crítica às manifestações.

Na quinta-feira, dia 13, ocorre a 4a. manifestação. Indiscutivelmente, os acontecimentos ganham ares de "espetacularização". As TVs praticamente transmitem "ao vivo" todo o desenrolar dos fatos. Claro que todo o "caos" e "imprevisibilidade" típicos de movimentos como este são passados para a TV que tenta, sem grande sucesso, acompanhar e dar um "sentido" a toda a cobertura. Vive-se, então, o momento em que o acontecimento se transforma em "espetáculo", o que foi reforçado pelo fato da manifestação em São Paulo ter sido simultânea com a ocorrida no Rio de Janeiro, e de haver uma maior preocupação dos  manifestantes em deixar evidente "situações de paz" retratadas pela mídia através de "gritos contra a violência", "flores dadas aos policiais" e pelas cenas dos próprios repórteres machucados.

O que se percebe, em meio a opinião pública, é que a manifestação vai ganhando ares de "humanidade", ou seja, deixa-se de se observar somente o "caos" e a "destruição" e passa-se a notar o elemento "humano", a pessoa, ou seja, os efeitos diretos sobre o policial, o manifestante, o passante, o repórter. Isto vai ser percebido no título de capa do Estadão no dia seguinte, dia 14: Confronto fere mais de 100; paulistano vive dia de caos. A mudança na cobertura também se nota com as principais manchetes internas: Paulistano fica "refém" de bombas, gás e tiros de borracha em novo confronto; Ação deixa 105 feridos, repórter é atingida no olho; 130 manifestantes são detidos e lotam DP; Haddad critica possível excesso da força policial.

Ou seja, o "caos" continua sendo retratado, mas sob um olhar distinto.  Ele traz prejuízos, mas não só à cidade e seus moradores. Os próprios protagonistas da batalha, policiais, manifestantes e jornalistas (que ficam entre eles) surgem agora como "vítimas" que não podem ser ignoradas. É nesse contexto que o jornal começa a dar mais atenção àquela violência, potencialmente maior, que vem da polícia, com suas bombas, gás e tiros de borracha). Entretanto, nenhum pronunciamento do jornal através de editorial.

No dia seguinte, dia 15, o jornal traz em seu título de capa: Alckmin vê "ação política" e Haddad marca reunião. As principais manchetes internas são: Alckmin diz que a ação foi política e Haddad marca reunião após protesto; Ministros criticam intervenção policial após protesto; Repressão da PM faz apoio crescer. Além disso, o jornal traz um editorial (Entender as Manifestações) que mostra claramente que a cobertura não é estática, prisioneira de uma opinião, e sim dinâmica, acompanhando, forçosamente ou não, a dinâmica dos acontecimentos e sua ressonância na opinião pública.

O editorial aponta para a necessidade de um "esforço de compreensão do que exatamente se passa". A "insistência" das manifestações parece ter causado certa perplexidade na cobertura do jornal e percebeu-se que a forma como a PM se dispôs a manter a ordem acabou por causar maior agitação. Para isso, o jornal usou o número de feridos e de detentos. Nesse sentido o jornal faz um apelo à PM para manter o "sangue frio" e finaliza mostrando o quanto as atitudes do prefeito Haddad não estão sendo "nem um pouco claras", mostrando uma ida e vinda em sua postura, ora contrária, ora aberta ao diálogo, como se não quisesse "pagar o preço de atitudes nítidas". 

Esses exemplos já mostram o dinamismo de uma cobertura jornalística.

Neste domingo, momento de interregno entre as manifestações, o destaque não poderia ser outro, e não somente no Estadão. As 3 ondas de vaias que a Presidente Dilma sofreu na abertura da Copa das Confederações em Brasília tomam conta dos noticiários e das redes sociais, mostrando que, muito além de "polícia fascista do Alckmin" ou "fim do aumento de R$ 0,20", existem outras fortes críticas ocorrendo neste momento. 

Talvez estejamos vivendo um momento especial. Daqueles em que os políticos e a mídia deixam o lugar de protagonistas do espaço público de discussão e abrem espaço para as manifestações e a opinião pública que, mesmo em seu caráter difuso, "faz algo acontecer" e faz com que os discursos de políticos e da mídia tenham que ser mais dinâmicos talvez do que gostariam, de fato.

Bem, mas pelo que parece, só estamos no meio do caminho. Para amanhã está marcada a 5a. manifestação.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

O discurso político: lugar de um "jogo de máscaras" que tem sua eficácia

Um dos autores que mais gosto, quando se trata de entender o discurso político, é Patrick Charaudeau¹. Ele nos diz, pra início de conversa, que o discurso é um "jogo de máscaras" e que a "máscara" é um símbolo de "dissimulação" que tenta nos oferecer uma determinada "imagem". Não mais que isso. Por isso, não adianta buscar "por baixo" da máscara uma suposta "realidade oculta", uma suposta "verdade". Estamos falando de "imagem" e não de "verdade". É preciso saber diferenciar.

É justamente esta "imagem" que permite a identificação entre a máscara e a pessoa, fazendo surgir uma "personagem". Talvez seja isto mesmo o máximo que possamos saber de alguém. Claro que isso é frustrante para quem busca a verdade e a "verdadeira" personalidade das pessoas. Mas, se formos sensatos e lembrarmos que é a partir de percepções que construímos nossos conceitos sobre as pessoas, aceitaremos este ponto de vista. Não se trata, então, de uma "falsa" pessoa, mas de uma "personagem".

MÁSCARA (Dissimulação, "imagem") 
PESSOA (Personagem, "ser presente")

Por exemplo, num encontro (momento de troca) onde um enuncia e o outro interpreta e, em seguida, responde, ambos agem em função do que imaginam do outro (imagens). Assim,
... cada um é para o outro apenas uma imagem. Não absolutamente uma imagem falsa, uma aparência enganosa, mas uma imagem que é o próprio ser em sua verdade da troca. Nesse momento, a máscara seria nosso ser presente (...) O discurso político é, por excelência, o lugar de um jogo de máscaras. Toda palavra pronunciada no campo político deve ser tomada ao mesmo tempo pelo que ela diz e não diz. Jamais deve ser tomada ao pé da letra, numa transparência ingênua, mas como resultado de uma estratégia cujo enunciador nem sempre é soberano (p. 8 - prólogo).
Por isso, a principal tarefa quando se trata de estudar o discurso político é, justamente, identificar como se instaura esse jogo de máscaras. E isso vai exigir, identificar o cenário da prática social em que se move o discurso; Identificar o quadro de trocas e, identificar os meios discursivos utilizados para persuasão e sedução.

É partindo deste ponto de vista, do discurso político enquanto um "jogo de máscaras", que Charaudeau nos provoca, perguntando:
... há verdadeiramente, como sustentam alguns, degenerescência do discurso político ou deve-se pensar em uma nova ética do conceito político? (p. 9 - prólogo).
Esta "provocação" é excelente e oportuna pois nos permite, de imediato, escapar ao "moralismo" que tanto contamina as análises sobre a política e, especialmente, a "fala" política. Nos permite escapar da ideia de buscar um suposto discurso político "sincero", "verdadeiro" e "transparente", ou, de outra forma, não cair na vala comum dos que desacreditam em qualqeur discurso político. Talvez o mais sensato seja mesmo pensar em "modalidades" de discurso.

Então, estamos falando de um discurso que possui uma imagem que representa uma personagem. Mas, esse discurso tem eficácia? E se tem, como avaliá-la?

Quando falamos do Discurso Político estamos falando da "Palavra Política", uma palavra que está  inscrita em uma prática social, ou seja, que circula em um espaço público de trocas e que tem sempre algo a ver com as relações de poder, e que exige a observação de três princípios que dizem respeito ao "outro": Princípio da Alteridade (o "outro" deve ser reconhecido); Princípio da Influência (o "outro" é trazido para o raio de influência); Princípio da Regulação (o "outro" não é passivo, ele fala e age, então existe uma "relação" que precisa ser gerenciada).

É fundamental, então, que o "outro" se reconheça no discurso, se convença em seu pensamento e se sinta sujeito da fala do político. É neste contexto, em que o outro reconhece-se e é reconhecido, que a troca ocorre com maior eficácia, pois há a criação e reforço do "vínculo".

Tudo isto implica que o estudo da "palavra" não é, necessariamente, o estudo da "ação" , das "instâncias" (partes interessadas na ação) ou dos "valores" (em nome dos quais as ações são realizadas), embora a palavra permeie todos estes setores, conforme abaixo:
  • É a ação política que organiza e determina a vida social. Mas, para que as decisões e ações sejam coletivas é preciso haver "entendimento" quanto ao projeto e quanto ao objetivo comum. Isso exige transparência e comunicação em espaços de discussão (públicos, por exemplo);
  • A instância "cidadã" leva ao poder a instância "política" para que este realize o "desejável", mas esta só consegue realizar o "possível", daí a dificuldade do exercício político;
 ... isso faz com que ao espaço de discussão que determina os valores responda um espaço de persuasão no qual a instância política, jogando com argumentos da razão e da paixão, tenta fazer a instância cidadã aderir à sua ação (p. 18).
  • Os valores são as ideias defendidas no espaço de discussão e funcionam como um "terceiro" em torno do qual as pessoas (e o político) se agrupam - é o ideal compartilhado, mas isso não implica a subtração de outras opiniões pois a sociedade é fragmentada. A necessidade de "gerenciar" os conflitos oriundos é de vital importância;
Pode-se concluir, então, que é pela existência dos espaços de discussão e persuasão, lugares de elaboração dos valores dos quais depende a ação, que o campo político surge, antes de mais nada, como o "governo da palavra" (M. Augé, "Pour une anthropologie des mondes contemporains", 1994).  Essa concepção nos leva a perceber o debate de ideias, no espaço público, como uma luta discursiva para a conquista da legitimidade

É nessa relação que se dá o "jogo de máscaras" que é o discurso político em sua troca com a sociedade. E são dois os espaços em que se dá: o espaço "político" (núcleo duro) e o espaço "público", mais amplo, onde três atores se manifestam: políticos, jornalistas e opinião pública.
Encontramo-nos, assim, em um jogo em que todos mudam sob a influência dos outros: a opinião sob a influência das mídias, as mídias sob a influência da política e da opinião, o político sob influência das mídias e da opinião (p. 25).
Não à toa existe uma confusão entre os espaços dos atores.
Tudo isso faz com que as fronteiras entre os diferentes setores de atividade, entre os espaços de decisão, de persuasão e de discussão, e entre espaço público e privado tornem-se mais e mais flúidas (...) O conceito de espaço público seria pouco operatório? O certo é que o espaço público não é homogêneo. Ele é fragmentado em diferentes espaços que se entrecruzam e não respondem às mesmas finalidades. O discurso político circula nesses meandros metamorfoseando-se ao sabor das influências que sofre de cada um deles (p. 31).
É neste espaço confuso que se dão os conflitos entre a política, a mídia e a opinião pública, e é nele que deve ser buscada a luta discursiva (simbólica) por legitimação e poder.

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¹ CHARAUDEAU, Patrick. Discurso Político. - São Paulo: Contexto, 2006 © 2005.