De acordo com Laplanche e Pontalis (Vocabulário da Psicanálise) a transferência designa,
o processo pelo qual os desejos inconscientes se atualizam sobre determinados objetos no quadro de um certo tipo de relação estabelecida com eles e, eminentemente, no quadro da relação analítica. Trata-se aqui de uma repetição de protótipos infantis vivida com um sentimento de atualidade acentuada ... terreno em que se dá a problemática de um tratamento psicanalítico, pois são a sua instalação, as suas modalidades, a sua interpretação e a sua resolução que caracterizam este.
O termo transferência implica em "movimento", "deslocamento" e, em psicanálise, nos fala da relação entre analista e paciente. Mas, o que nos diz Freud acerca desse fenômeno?
A propósito do sonho, Freud nos falou de "pensamentos de transferência" como um deslocamento onde o desejo inconsciente se exprime e disfarça nos materiais fornecidos pelos restos do dia anterior, já presentes no consciente. É dessa forma, "disfarçada", que o inconsciente, então, manifesta-se no consciente. Surge uma espécie de "ligação" ou "conexão" que faz despertar o mesmo afeto que tempos atrás havia levado o paciente a rejeitar o desejo, visto como proibido. Assim, estamos falando do "deslocamento" de um afeto de uma representação que está no inconsciente.
Não à toa o analista, por vezes, é colocado na posição de figuras (protótipos, imagos) parentais, ou familiares, amadas ou temidas (em toda sua ambivalência). É aí que o analista entra na "série psíquica" já criada pelo paciente em sua vida. É esta relação anterior que é revivida na transferência. Foi assim que Freud falou de "Neurose de Transferência", uma "doença artificial" que substitui a neurose clínica, evidenciando que é com estas possibilidades de transferência que o tratamento se dá.
Para Freud, o mecanismo se desencadeia no momento em que conteúdos recalcados importantes ameaçam se revelar. É por isso que a transferência surge como uma forma de "resistência" à revelação do conflito inconsciente. Mas, justamente por isso, é uma maneira de o analista apreender, "a quente" os elementos do conflito infantil (fragmentos da vida sexual e do Complexo de Édipo), que se revela em sua atualidade. É por este fato que a transferência torna-se um poderoso instrumento terapêutico. Esta seria sua grande função na terapia. Estamos falando, então, de um compromisso entre as exigências da resistência (do Id) e as do trabalho terapêutico.
Quanto ao conteúdo da transferência, Freud já nos dizia que o doente não pode recordar-se de tudo o que está recalcado, nem mesmo talvez do essencial, mas é obrigado a revivê-lo no presente através de uma "atualização", de uma "repetição" de situações e emoções que exprimem a indestrutibilidade da fantasia inconsciente. Claro que não estamos falando de uma transferência literal, mas de "equivalentes simbólicos" do desejo inconsciente e suas fantasias conexas. No tratamento, as "construções" viriam para preencher as lacunas do passado infantil não revelado.
Reside aí, então, uma das mais fortes críticas e limitações ao processo de auto-análise, pois lhe faltaria uma relação interpessoal, onde o analista faz o papel de outro numa "comunicação" onde pode assumir, por exemplo, a posição de superego, revelando os mecanismos de identificação levados a cabo pelo paciente.
Outro aspecto interessante é que a transferência acrescenta uma outra forma de comunicação à forma tradicional que é a dimensão da palavra (verbalização das lembranças recalcadas, rememoração - talking cure). Trata-se da "atuação" ou repetição da experiência vivida.
É neste ponto, principalmente, que podemos apontar os limites da "auto-análise", pois lhe faltaria uma relação interpessoal. Sozinho o paciente não tem alguém (analista) que faça o papel de "outro" numa "comunicação". Daí a importância do analista perceber e facilitar o "ENLACE LIBIDINAL", ou seja, que o paciente se interesse pelo "objeto" analista, através da criação de um VÍNCULO. É isto que possibilita o tratamento. Não à toa dizemos que a transferência é o "motor" da análise. E não é à toa que se o paciente não sentir-se "confiante" nesta relação ele não continua o tratamento.
Para Freud, o mecanismo se desencadeia no momento em que conteúdos recalcados importantes ameaçam se revelar. É por isso que a transferência surge como uma forma de "resistência" à revelação do conflito inconsciente. Mas, justamente por isso, é uma maneira de o analista apreender, "a quente" os elementos do conflito infantil (fragmentos da vida sexual e do Complexo de Édipo), que se revela em sua atualidade. É por este fato que a transferência torna-se um poderoso instrumento terapêutico. Esta seria sua grande função na terapia. Estamos falando, então, de um compromisso entre as exigências da resistência (do Id) e as do trabalho terapêutico.
Quanto ao conteúdo da transferência, Freud já nos dizia que o doente não pode recordar-se de tudo o que está recalcado, nem mesmo talvez do essencial, mas é obrigado a revivê-lo no presente através de uma "atualização", de uma "repetição" de situações e emoções que exprimem a indestrutibilidade da fantasia inconsciente. Claro que não estamos falando de uma transferência literal, mas de "equivalentes simbólicos" do desejo inconsciente e suas fantasias conexas. No tratamento, as "construções" viriam para preencher as lacunas do passado infantil não revelado.
Reside aí, então, uma das mais fortes críticas e limitações ao processo de auto-análise, pois lhe faltaria uma relação interpessoal, onde o analista faz o papel de outro numa "comunicação" onde pode assumir, por exemplo, a posição de superego, revelando os mecanismos de identificação levados a cabo pelo paciente.
Outro aspecto interessante é que a transferência acrescenta uma outra forma de comunicação à forma tradicional que é a dimensão da palavra (verbalização das lembranças recalcadas, rememoração - talking cure). Trata-se da "atuação" ou repetição da experiência vivida.
É neste ponto, principalmente, que podemos apontar os limites da "auto-análise", pois lhe faltaria uma relação interpessoal. Sozinho o paciente não tem alguém (analista) que faça o papel de "outro" numa "comunicação". Daí a importância do analista perceber e facilitar o "ENLACE LIBIDINAL", ou seja, que o paciente se interesse pelo "objeto" analista, através da criação de um VÍNCULO. É isto que possibilita o tratamento. Não à toa dizemos que a transferência é o "motor" da análise. E não é à toa que se o paciente não sentir-se "confiante" nesta relação ele não continua o tratamento.
EM RESUMO: no vínculo analista-paciente determinados conteúdos recalcados ameaçam vir à tona e, como forma de resistência, surge a "transferência" revivendo estes conflitos infantis inconscientes e permitindo ao analista "enxergar" de forma mais clara o que foi vivido pelo paciente e que se tornou insuportável para ele.