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terça-feira, 13 de maio de 2014

A contra-ofensiva do PT com a volta de "fantasmas do passado"

O interessante, e desafiador, de uma campanha eleitoral é que não há linha "reta", ou seja, está permeada por ofensivas e contra-ofensivas. Aécio apareceu na TV, contou com o crescimento do temor da volta da inflação e capitalizou boa parte dos insatisfeitos que deixaram o apoio à Dilma entre março e maio. Agora vem a contra-ofensiva. Peça de campanha do PT hoje, em rede nacional, dá sequência ao pacote de bondades lançado por Dilma em 1° de maio.

Nada de novo nesta peça de propaganda. A defesa da continuidade é clara. O PT que teria "resgatado" parte da população pobre para o consumo e integrado-a na sociedade mostra para todos o "risco" de um governo do PSDB acabar com tudo isso ("volta de fantasmas do passado"). 

Uma coisa é certa, o PT sabe que há um claro movimento de reação na sociedade por "mudanças" e certo "cansaço" com o governo Dilma. E está contra-atacando com o que tem de melhor até aqui (o alcance das políticas de emprego e incremento do consumo). O tom é melodramático e inspira o "medo"! 

O alcance, porém, me parece limitado ao "reduto" mais tradicional do PT nestes últimos anos e trata-se, salvo engano, de uma tentativa de "reagrupar" o "time principal" (setores pobres que emergiram para o consumo) para, a partir daí contra-atacar em direção a outros setores sociais.

O recado do PT é claro: "ei vocês aí que conseguem trabalhar e se alimentar por nossa causa, fiquem do nosso lado e não se deixem contaminar pela onda de mudanças!"

Daqui a uns dias começam a sair novas pesquisas e já começamos a ver o que aconteceu de fato e como a oposição vai agir novamente!

Tá ficando animado!!!

(José Henrique P. e Silva)

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Sobre o discurso da oposição em 2014

Hoje, no seu Twitter, o Gaudêncio Torquato disse não acreditar tanto que o PT comece a acusar a oposição de querer "vender" a Petrobrás. Segundo ele, é um "truque manjado". E é verdade, afinal, foi assim que ocorreu nas duas últimas eleições com o PT insistindo em "colar" no PSDB o carimbo de "privatista". Mas, hoje, a forma como o PT está tentando "reelaborar" a crise da Petrobrás colocando a oposição como interessada na derrocada da empresa sinaliza bem que, na eleição, esse discurso de "salvação" do patrimônio público pode voltar sim, embora seja "manjado". 

A questão é que agora, com 12 anos de administração petista já é bem possível mostrar o tamanho da "INEFICIÊNCIA" da gestão pública (obras inacabadas, gastos excessivos, aparelhamento, crescimento econômico pífio, dificuldades no mercado internacional). Esse discurso pode ser mais forte até que o da "corrupção" (importante por consolidar os votos de classe média). Não acredito em um discurso novo do PT nesta eleição. Virá, como sempre, sustentado no Bolsa Família, crescimento da classe C e, para isso, irá explorar ao máximo (de novo) o "conflito de classes" (ricos x pobres), a "comparação com FHC", e colocar-se como "salvação". Muito difícil a Dilma sustentar-se da ideia de ser uma boa "gerente" ou "mãezona" (estão fragilizados estes discursos)

Então, insisto que o que está fazendo o governo da Dilma "patinar" na popularidade, não é tanto a corrupção quanto a INEFICIÊNCIA, principalmente em não conseguir sustentar a ECONOMIA do país. Isso é que coloca uma grande INTERROGAÇÃO na cabeça do eleitor: o que virá pela frente com mais 4 anos de Dilma? Por que não mudar? O eleitor está começando a "duvidar". Ou seja, O FIEL DA ELEIÇÃO SERÁ AQUELE ELEITOR DE CLASSE C QUE COMEÇA A DUVIDAR DE UM FUTURO TÃO "CERTINHO" COM A DILMA E O PT, E COMEÇA A MOSTRAR-SE DISPOSTO A "ARRISCAR" (mudar).

Acho que se o Aécio e o Campos "puxarem" o debate para o terreno da "eficiência e competência administrativa" e não caírem na cilada do "conflito de classes" as chances da oposição ficam muito fortes. O problema é que as oposições em 2006 e 2010 ficaram sem "discurso". Naqueles momentos, praticamente nada podia bater de frente com o discurso do bolsa família e do crescimento econômico...mas e agora? A conjuntura é bem outra!!! Existe discurso sim!!!

Além do mais, se o Campos tiver uma boa atuação no Nordeste e se o Aécio tiver um vice de São Paulo, a coisa fica imensamente complicada para o PT.

(José Henrique P. e Silva)

domingo, 7 de julho de 2013

A "transição" entre classes (Marcelo Neri)

Marcelo Neri é um economista da FGV que tem se dedicado a acompanhar a evolução social e econômica da "nova classe média" nos últimos anos aqui no Brasil¹. Segundo ele, uma das principais lições deixadas por análises como estas que faz da evolução das classes econômicas, é a de que uma pessoa não "é" de determinada classe, mas "está" em determinada classe. Há sempre uma transição de estados, com situações de regressão e progressãoComo ilustração, Marcelo Neri se utiliza de dois exemplos: o da ascensão da Classe "E" e o da queda da classe "AB".

Levando em conta os anos de 2010 e 2011 identificou que a possibilidade de uma pessoa que está na classe E manter-se nesta classe era de 54,24%. Assim, como não há como regredir (para uma suposta classe "F"), os outros 45,76% subiram durante o período. Segundo o autor, seria o melhor percentual alcançado em muitos anos.

Em 2006, por exemplo, a taxa de permanência era de 64,1%, declinando a partir daí. Trata-se de um momento que, em minha opinião, está fortemente relacionado à conjuntura política, ou seja, à maior rapidez na expansão de determinados programas governamentais de ajuda social, especialmente o Bolsa-Família, como uma reação à crise política do Mensalão, em 2005.

No caso da classe "AB", o fundamental não é a ascensão, mas a permanência. percebe-se, então, que seu melhor período foi em 2010, quando 82,34% permaneciam nessa posição. Em 2011, o percentual cairia para 79,55%, indicando uma movimentação de pessoas em direção à classe "C".

O autor também nos chama a atenção para a importância da variável "nível de educação" pois, segundo ele,
Os resultados mostram que os mais educados possuem mais chances de permanência na classe ABC. A chance é pelo menos duas vezes maior para o grupo mais educado, com oito anos ou mais de estudos em relação a seu complemento menos escolarizado (p. 166).
O mesmo o autor já observara para a classe "E".

Conclusão: Nos últimos anos é inegável que ocorreu um largo processo de "transição" entre classes econômicas. O fenômeno foi motivado, originalmente, por uma decisão política de recuperação de popularidade (contexto do Mensalão, em 2005) e, em seguida, mantido por uma política econômica baseada, principalmente, na expansão do consumo e do trabalho de baixa renda. 

Como o autor considera a "educação" como um forte fator de "retenção" do indivíduo na classe, pode-se visualizar o quanto é arriscada a posição atual de forte contigente social que ascendeu economicamente. Se a economia não manter-se em crescimento mínimo e, enquanto não ocorrerem fortes decisões em prol de uma política  de formação e capacitação educacional, o paraíso ainda não é uma garantia para muitos setores sociais.

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¹ NERI, Marcelo. A Nova Classe Média: o lado brilhante da base da pirâmide. - São Paulo: Saraiva, 2011, p. 163-166.