Mostrando postagens com marcador Opinião Pública. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Opinião Pública. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Opiniões e fantasias conspiratórias (Paranóia)

Querer que as opiniões tenham bons fundamentos em uma época como a nossa é complicado. Hoje as pessoas estão tomadas por comportamentos e pensamentos fundamentalistas (radicais) apegando-se à superficialidade, à imagem, à frases curtas e absolutamente "rasas". A tecnologia de comunicação não facilitou em nada os debates, pelo contrário, gerou a multiplicação de pensamentos simplistas e criticas absolutamente destrutivas. 

É só observar: emita uma opinião polêmica e crítica e, ao invés de você receber um comentário que aprofunde e discuta a questão, você recebe uma crítica cuja única intenção é dizer que tudo sempre foi assim e que todos agem assim. Nesse ponto já não existe debate, mas uma tentativa de fugir à resposta acusando o outro da mesma coisa. 

Isso cansa! É um comportamento paranóico baseado em uma ideia de conspiração. E, como todo comportamento paranóico, revela sempre um forte sentimento de culpa que ao invés de vir à tona para ser discutido, se revela na "acusação" ao outro. É o fim dos debates na nossa era paranóica. Boa sorte Armandinho!!!

(José Henrique P. e Silva)

domingo, 16 de junho de 2013

O "sucesso" e o "fracasso" da ideologia consumista no "caos" das manifestações

Em tempos de manifestações de toda ordem, lembrei de um texto do Slavoj Zizek, publicado na Revista CULT*, n. 161, de setembro/2011, cujo título é: "Saqueadores, uni-vos!". Nele, Zizek discute rapidamente a natureza de algumas manifestações sociais como as de Paris em 2005, e as de Londres e Egito em 2011, e faz uma  associação entre os tumultos e a ideologia do consumo.

O texto é interessante porque traz à tona um assunto que geralmente escapa nas análises que se faz sobre os movimentos sociais recentes, como estes que tomam conta de São Paulo nos últimos dias. Acredito que todos concordam que não há uma análise que dê conta completamente do que está acontecendo. As redes sociais estão "perplexas" e proliferam as tentativas de se entender os acontecimentos recentes. 

Neste "caos" interpretativo proliferam explicações de toda ordem: "os manifestantes são apenas baderneiros"; "trata-se de um ataque a Alckmin visando 2014"; "a PM continua fascista"; "é o Brasil abrindo o olho contra a corrupção"; "são pequenos grupos tentando manipular as massas"... Enfim, talvez exista um pouco de verdade em tudo isso. Mas, o fato é que há um sentimento de "errância" nas análises e ninguém parece dar conta da explicação. Pior, com a dinâmica dos próprios movimentos, alterando suas "palavras de ordem", a tentativa de compreensão exige mais cuidados.

Assim, o texto de Zizek é só mais um no meio do turbilhão e traz algo novo para se pensar também. De cara, ele faz uma constatação: Segundo ele, os mais conservadores  enxergam nestes tumultos (incêndios, saques, destruições, etc.) somente caos e a falta de disciplina e responsabilidade, por outro lado, a esquerda enxerga somente o fracasso do bem-estar da população, mal tratada pelos que estão no poder, como no exemplo de Alckmin, aqui em São Paulo, atacado pela esquerda. Para Zizek, os diagnósticos conservadores e da esquerda são equivocados.

Por outro lado, segundo Zizek, não dá para se falar em "sujeitos revolucionários", pois estas manifestações (e aí incluo as de São Paulo e as demais que proliferam pelo Brasil afora) estariam muito mais para aquilo que Hegel chamou de "negatividade abstrata", ou seja, uma turba que se expressa de modo "violento" e "irracional", sem reivindicar nada de forma clara. Não dá pra esquecer que a luta pelos R$ 0,20 já se transformou em outra coisa que não sabemos bem o que é. 

Zizek nos lembra que, já a algum tempo vivemos sob o predomínio de teses como a do "fim da ideologia" e a ascensão da "sociedade pós-ideológica". Ora, o que é isso? Anunciou-se o predomínio do mercado, o império do consumismo. Chegou-se a imaginar o "fim da história". Besteira!

estágio atual do capitalismo se sustenta, portanto, sobre uma ideologia que convida todos a escolher e a consumir. Mais do que a classes ou grupos sociais , então, pertencemos ao mundo do consumo. E é neste mundo do consumo que vivemos a plenitude da "alienação". E a esquerda que hoje governa o Brasil, através do PT, não escapa à isso. É patrocinadora, por excelência da ideologia do consumo. Ou sobre o que está assentada toda a política econômica e o "sucesso" eleitoral de Lula e Dilma? Dessa forma, a ideologia consumista, através da esquerda, parece estar realizando de forma perfeita e acabada aquilo que Marx já denunciava como "alienação".

Este é o "sucesso" da ideologia consumista. Ela nos acomodou, nos tirou a vontade de sonhar, nos tirou a utopia pela mudança, o que faz é atiçar nossos desejos por aquilo que é novo, desde que oferecido pelo mercado.

Ora, enquanto dá para consumir, ótimo, vamos satisfazendo nossos desejos, por mais absurdos que sejam. Mas, e quanto àquelas pessoas tidas como "deficientes" e "desqualificadas" do ponto de vista do mercado? O que o mercado oferece para elas? Nada! O Estado, com seus populismos, ainda tenta ter uma postura paternalista, que sabemos insuficiente e distorcida. No caso brasileiro, a proliferação de "bolsas" visa simplesmente minimizar esse impacto que vem de baixo para cima. Não é emancipador!

O fato é que, no mercado e no paraíso do consumo, não há espaço para todos, pois a base do sistema é competitiva, e destrói sempre algo para que outra coisa sobreviva. E, para complicar ainda mais a situação, por cima desta ideologia do consumo existe outra, a "ideologia da liberdade", apoiada, evidentemente, na tese da oportunidade de consumo, ou seja, liberdade para escolher e consumir. Mas, não dá para todos. E aí? O que fazer? Ela, a "turba" parece estar fazendo algo.

Por vezes explodem em ondas de violência (como as manifestações) mas, no geral, essa "violência" vem como uma maré que, lentamente, parece ir engolindo a sociabilidade humana no nosso cotidiano (como no caso da criminalidade, que só cresce). Por isso, as manifestações causam raiva e indignação no início, mas, com o passar dos dias, vão causando perplexidade e exigindo maior atenção e explicação. E mais, vão gerando fortes sentimentos de "identificação", pois acabamos por nos enxergar "dentro" dela, por algum motivo, por alguma forte insatisfação. Por isso essas manifestações parecem difusas, mas não são vazias de conteúdo.

Os tumultos vêm daí, sem um sentido lógico, verdadeiro caos, sem uma direção certa, sem uma comunicação clara. Este é o "fracasso" da ideologia consumista. Ela obtém o sucesso quando nos aliena e domestica, mas fracassa quando não permite que todos possam consumir.

No fundo, o que precisa ser discutido, fortemente, é a democracia que, segundo Zizek, se assemelha àquela jangadinha que desliza em meio a um mar tumultuado repleto de ameaças e seduções paternalistas e autoritárias, e não cumpre seu papel de criar mais cidadãos que consumidores. É preciso transformá-la em uma embarcação maior, mais sólida, que resista a estas seduções populistas às quais parece que nenhum discurso escapa.

Para isso, é preciso "recuperar a política". Talvez estas manifestações não saibam exatamente contra o que estão lutando, mas o que importa? Elas sabem que a democracia está assentada sobre bases muito frágeis. De que adianta dizer que a democracia foi conquistada a "duras penas"? De que adianta pedir para que as manifestações sejam de "paz". Há uma "violência" implícita na ideologia do consumo e na forma como a democracia se dá no cotidiano que, para muitos, vai ficando cada vez mais clara. 

E aí? O que prometer e oferecer em troca para que essas manifestações saiam das ruas e voltem para casa? Talvez uma democracia mais clara, transparente, efetivamente inclusiva, com políticas públicas centradas no cidadão, respeito ao dinheiro público - não há garantias para que nada disso funcione e acalme a todos, mas pode ser um bom começo.

_________

O Estadão e a cobertura da onda de protestos em São Paulo: do "vandalismo" à negociação

Ninguém ficou imune à onda de manifestações nestas últimas duas semanas. Mesmo quem somente observava, lançou um olhar mais atento tentando entender o que estava acontecendo. No meu caso, gostaria de contribuir com o que faço rotineiramente, ou seja, nesse caso específico, verificar as principais "reações" do Estadão às manifestações ocorridas, sem me preocupar, entretanto, com o debate interno entre colunistas e colaboradores. O que ganha importância, aqui, são seus títulos de capa, manchetes internas e editoriais. Como escrevi isto hoje, 16.06, pela manhã, véspera da 5a. manifestação, trata-se de algo escrito em meio a um rio caudaloso que não cessa. Portanto, é importante que, depois, venha a ser revisto, ou completado.

Tivemos até aqui quatro manifestações em São Paulo, nos dias 6, 7, 11 e 13 e o maior interesse é mostrar que, não somente as manifestações "evoluíram" na sua dinâmica interna, como a própria cobertura do Estadão foi assumindo outras conotações ao longo deste período. Claro que, em meio a tudo isto, é visível que a própria opinião pública, que não tem chances de ficar imune à discussão, tenha, também, a sua dinâmica na forma de entender e encarar as manifestações.

Estou falando, portanto, de um espaço público de discussão da política onde os principais atores (políticos, manifestantes, opinião pública e imprensa) mutuamente se influenciam ao longo de todo o processo. Querer, portanto, analisar a situação partindo de estereótipos traçados para cada um destes atores é, como sempre, incorrer em gravíssimo erro metodológico e de análise. Como, por exemplo, partir do suposto que um governo por ser do PSDB está mais propenso a "agredir" os manifestantes. O que aconteceu em Brasília, momentos antes do jogo da seleção brasileira, mostra que esta é uma questão complexa. Este é o "jogo de espelhos" do qual fala P. Charaudeau quando observa a relação entre a mídia e os demais atores da cena política: todos se influenciam mutuamente e criam dinâmicas específicas de discurso e ação.

Assim, todos influenciam-se mutuamente provocando alterações, por vezes substanciais, em sua atuação e seu discurso. O Movimento Passe Livre, por exemplo, passou de uma defesa da redução da passagem para algo mais genérico do tipo "lutamos pela melhoria do transporte", e se depara, também, com a questão da luta contra a corrupção no governo federal. Dado o caráter nacional, e internacional, das manifestações (solidariedades de brasileiros em vários países), o "tema unificador" caminha para ser o da "corrupção" e para ficar mais colado ao "Governo Dilma".

Da parte dos políticos, existe uma luta no sentido de evitar colocar-se como o alvo principal do movimento. E este acontecimento de ontem em Brasília, com ações duras da polícia contra manifestantes e as estonteantes vaias contra a presidente Dilma, só deixaram o quadro ainda mais confuso para todos. Contra quem, ou o que, estas manifestações lutam? Os movimentos do prefeito Haddad são um exemplo: no início mostrou disposição para o diálogo, depois seguiu a linha do governador Alckmin de mostrar-se resistente às manifestações, depois tentou descolar-se do problema e criticar severamente a ação policial. Pelo meio do caminho Haddad recebeu "apoio" do Ministro da Justiça Eduardo Cardozo em sua tentativa de culpabilizar a ação da PM e, por conseguinte, o governador Alckmin. São exemplos de como as posturas de todos os atores são dinâmicas e precisam ser captadas neste dinamismo, para que as análises não se tornem apenas caricaturas do real.

Mas, vou me concentrar na dinâmica específica do Estadão.

Numa tentativa de resumir esta dinâmica em uma frase, diria que a cobertura do Estadão acerca das manifestações passou, até o momento, por três fases distintas, mas relacionadas: a da indignação e raiva; a de maior percepção da realidade e do "outro"; e a da negociação e aceitação do fato como legítimo. Vejamos de forma mais didática.

A 1a. manifestação ocorreu no dia 6. Saindo das proximidades do Anhangabaú, chega a interditar avenidas como a 23 de Maio, 9 de Julho e Paulista, alcança o Shopping Paulista e estações do Metrô (Trianon, Brigadeiro e Vergueiro). A ênfase da cobertura do Estadão, no dia seguinte, dia 7, se dá sobre o "caos". O título de capa foi Protesto contra tarifa acaba em depredação e caos em SP e a principal manchete interna foi Protesto contra tarifa acaba em caos, fogo e depredação no centro, numa reafirmação do título de capa. As ilustrações, tanto de capa, quanto internas foram no sentido de evidenciar a "destruição" (jovens destruindo uma cabine da PM, estação do metrô depredada, barricadas com fogo no meio da rua). Apesar do impacto trazido pelas manchetes e pelas fotografias não houve manifestação do jornal através de editorial.

A 2a. manifestação ocorreu no dia seguinte, dia 7. Dessa vez, foi a Marginal do Pinheiros que foi afetada. Parte da estação Faria Lima do Metrô foi depredada e alguns alcançaram a av. Paulista, mas os confrontos foram mais reduzidos. No dia seguinte, dia 8, Estadão trouxe como título de capa: Protesto fecha a Marginal e lentidão chega a 226 km. Internamente, a principal manchete foi: No 2o. dia de confronto e destruição, protesto fecha Marginal do Pinheiros. A ênfase da cobertura continua sendo a "destruição", mas dessa vez, mais sob a ótica dos "engarrafamentos" causados e da perturbação da ordem dos habitantes da cidade. Uma "lógica" que sempre vem à tona quando o assunto é alguma das Marginais, que escoam grande parte do fluxo de carros na cidade. natural, portanto, que, dessa vez, as cenas de "destruição" dessem maior espaço às ilustrações da própria mobilização das pessoas. Recebe bom destaque, também, a iniciativa de se "cobrar" do Movimento Passe Livre, o prejuízo financeiro, principalmente da av. Paulista, e uma entrevista onde o prefeito Haddad diz que irá recorrer à Presidente Dilma para baixar a passagem. Pela primeira vez, o jornal se posiciona em termos editoriais: Puro vandalismo é o título do editorial. "Festival de vandalismo", "cidade refém", "bandos de irresponsáveis travestidos de manifestantes", "atrevimento dos manifestantes", "aterrorizar os passantes", "PM recebida a pedradas", "seus militantes são radicais". São estes os termos que definem o editorial que finaliza com uma forte crítica ao prefeito Haddad que "em vez de condenar o vandalismo se apressou a informar que está aberto ao diálogo". O apelo do jornal é para que as autoridades políticas tenham "firmeza" na manutenção da ordem.

A 3a. manifestação ocorreu no dia 11. Nos dias 09, 10 e 11 o jornal não trouxe em sua capa nenhum título com referências às manifestações. Apenas no dia 11, dia marcado para a terceira manifestação em SP, o jornal traz uma impactante foto do confronto ocorrido na véspera, no RJ, pelos mesmos motivos. Dessa vez, reunidos na av. Paulista, os manifestantes foram barrados e seguiram para o Parque D. Pedro II onde se deram choques e, ao final, retornaram para a av. Paulista onde os conflitos se intensificaram no final da noite. No dia seguinte, dia 12, o Estadão trouxe como título de capa: Maior protesto contra tarifas tem bombas e depredação. E, internamente, a principal manchete foi: Fogo, bombas e depredação no maior protesto contra as tarifas.

Entretanto, apesar de ainda trazer as ilustrações impactantes de policiais em choque direto com manifestantes, e estes pixando e colocando fogo em um ônibus, a cobertura do jornal começou a "notar" outras coisas além da "destruição" em si. Fala-se muito, por exemplo, do crescimento do movimento e da adesão de outras entidades e grupos sociais. O jornal dá destaque para a "irritação" do prefeito Haddad quando soube das depredações e sua disposição de crítica às manifestações.

Na quinta-feira, dia 13, ocorre a 4a. manifestação. Indiscutivelmente, os acontecimentos ganham ares de "espetacularização". As TVs praticamente transmitem "ao vivo" todo o desenrolar dos fatos. Claro que todo o "caos" e "imprevisibilidade" típicos de movimentos como este são passados para a TV que tenta, sem grande sucesso, acompanhar e dar um "sentido" a toda a cobertura. Vive-se, então, o momento em que o acontecimento se transforma em "espetáculo", o que foi reforçado pelo fato da manifestação em São Paulo ter sido simultânea com a ocorrida no Rio de Janeiro, e de haver uma maior preocupação dos  manifestantes em deixar evidente "situações de paz" retratadas pela mídia através de "gritos contra a violência", "flores dadas aos policiais" e pelas cenas dos próprios repórteres machucados.

O que se percebe, em meio a opinião pública, é que a manifestação vai ganhando ares de "humanidade", ou seja, deixa-se de se observar somente o "caos" e a "destruição" e passa-se a notar o elemento "humano", a pessoa, ou seja, os efeitos diretos sobre o policial, o manifestante, o passante, o repórter. Isto vai ser percebido no título de capa do Estadão no dia seguinte, dia 14: Confronto fere mais de 100; paulistano vive dia de caos. A mudança na cobertura também se nota com as principais manchetes internas: Paulistano fica "refém" de bombas, gás e tiros de borracha em novo confronto; Ação deixa 105 feridos, repórter é atingida no olho; 130 manifestantes são detidos e lotam DP; Haddad critica possível excesso da força policial.

Ou seja, o "caos" continua sendo retratado, mas sob um olhar distinto.  Ele traz prejuízos, mas não só à cidade e seus moradores. Os próprios protagonistas da batalha, policiais, manifestantes e jornalistas (que ficam entre eles) surgem agora como "vítimas" que não podem ser ignoradas. É nesse contexto que o jornal começa a dar mais atenção àquela violência, potencialmente maior, que vem da polícia, com suas bombas, gás e tiros de borracha). Entretanto, nenhum pronunciamento do jornal através de editorial.

No dia seguinte, dia 15, o jornal traz em seu título de capa: Alckmin vê "ação política" e Haddad marca reunião. As principais manchetes internas são: Alckmin diz que a ação foi política e Haddad marca reunião após protesto; Ministros criticam intervenção policial após protesto; Repressão da PM faz apoio crescer. Além disso, o jornal traz um editorial (Entender as Manifestações) que mostra claramente que a cobertura não é estática, prisioneira de uma opinião, e sim dinâmica, acompanhando, forçosamente ou não, a dinâmica dos acontecimentos e sua ressonância na opinião pública.

O editorial aponta para a necessidade de um "esforço de compreensão do que exatamente se passa". A "insistência" das manifestações parece ter causado certa perplexidade na cobertura do jornal e percebeu-se que a forma como a PM se dispôs a manter a ordem acabou por causar maior agitação. Para isso, o jornal usou o número de feridos e de detentos. Nesse sentido o jornal faz um apelo à PM para manter o "sangue frio" e finaliza mostrando o quanto as atitudes do prefeito Haddad não estão sendo "nem um pouco claras", mostrando uma ida e vinda em sua postura, ora contrária, ora aberta ao diálogo, como se não quisesse "pagar o preço de atitudes nítidas". 

Esses exemplos já mostram o dinamismo de uma cobertura jornalística.

Neste domingo, momento de interregno entre as manifestações, o destaque não poderia ser outro, e não somente no Estadão. As 3 ondas de vaias que a Presidente Dilma sofreu na abertura da Copa das Confederações em Brasília tomam conta dos noticiários e das redes sociais, mostrando que, muito além de "polícia fascista do Alckmin" ou "fim do aumento de R$ 0,20", existem outras fortes críticas ocorrendo neste momento. 

Talvez estejamos vivendo um momento especial. Daqueles em que os políticos e a mídia deixam o lugar de protagonistas do espaço público de discussão e abrem espaço para as manifestações e a opinião pública que, mesmo em seu caráter difuso, "faz algo acontecer" e faz com que os discursos de políticos e da mídia tenham que ser mais dinâmicos talvez do que gostariam, de fato.

Bem, mas pelo que parece, só estamos no meio do caminho. Para amanhã está marcada a 5a. manifestação.