Esta frase foi dita por Freud, em 1933, assim que soube que os nazistas, na Alemanha, tinham atirados seus livros à fogueira, e que o oficial alemão teria gritado: "contra a glorificação da vida instintiva que destrói a alma". O episódio é interessante pois faz lembrar que Hitler e Freud viveram uma mesma época em Viena, no início do século. Num momento em que Freud estava no seu maior vigor intelectual e Hitler conhecia um dos piores momentos de sua vida, chegando a dormir na rua por falta de recursos. Anos depois, a situação se inverteria. Hitler, caminhando para seu avanço nazista e destrutivo, prestes a anexar a Áustria, e Freud conhecendo a decadência física proporcionada por seu câncer e a própria velhice, prestes a se refugiar na Inglaterra. Mas, ainda assim, extremamente lúcido. No final, a história deu a cada um o seu devido tamanho e lugar. A I Guerra Mundial e a ascensão do Nazismo foram episódios que em muito influenciaram Freud a desenvolver o seu conceito de "pulsão de morte" e a expandir a psicanálise para a compreensão do "social" e do "político", com o seu conceito de "mal-estar", como algo inerente à natureza humana, seja no indivíduo, seja na sociedade.
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"Não aguento ficar sendo olhado... durante oito horas por dia (ou mais)..." (Freud)
Freud disse essa frase referindo-se à sua posição, sentado em sua poltrona à cabeceira do divã, fora do alcance visual de seus pacientes. Foi assim que se comportou durante bom tempo dos mais de 50 anos em que recebeu seus pacientes na Bergasse 19, sua casa em Viena, onde utilizava os fundos da casa. Talvez seja só nisso mesmo que se resuma a "importância" do divã que virou símbolo máximo (e caricatura) da psicanálise. Mas, foi aí neste lugar que Freud cada vez mais recolheu-se a partir do início de 1938, quando ao mesmo tempo que se submetia a mais, e dolorosas, cirurgias de seu câncer na mandíbula, Hitler colocava em prática seu desejo de anexação (Anschluss) da Áustria convocando o Chanceler desta para dizer-lhe que estava disposto a reparar este ato de "traição" histórica da Áustria. Foi nesta conversa com o Chanceler Schuscnigg que Hitler disse: "eu tenho uma missão histórica e vou cumprir esta missão, porque a providência me destinou a isso. Acredito inteiramente nessa missão, ela é minha vida". Seus delírios já haviam chegado a um ponto incontrolável.
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"O objetivo de toda vida... é a morte..." (Freud)
Freud sempre foi visto como um "advogado de Eros", um legítimo defensor da pulsão de vida, daquilo que nos impulsiona à satisfação do desejo, do prazer. Mas, um de seus conceitos mais intrigantes (embora pouco aprofundado pelo próprio Freud) foi o de "pulsão de morte". Aquela força, aquela ânsia, de se voltar a um estado de satisfação primordial, praticamente em um estado de decomposição. Ele dizia que, afinal de contas todos íamos mesmo morrer. E morrer, talvez significasse esse retorno a um estado de prazer há muito perdido pelo homem. É este conceito que está presente em muitas patologias psíquicas. Quantas vezes não desejamos a "morte", simbolizada naquele sonho impossível, naquela volta a uma situação onde experimentamos felicidade. Tudo isto pode simplesmente nos paralisar, nos aprisionar. A pulsão de vida, se nos leva a caminhar, a pulsão de morte nos faz querer ficar, como que inertes... depressivamente inertes!
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"Não aguento ficar sendo olhado... durante oito horas por dia (ou mais)..." (Freud)
Freud disse essa frase referindo-se à sua posição, sentado em sua poltrona à cabeceira do divã, fora do alcance visual de seus pacientes. Foi assim que se comportou durante bom tempo dos mais de 50 anos em que recebeu seus pacientes na Bergasse 19, sua casa em Viena, onde utilizava os fundos da casa. Talvez seja só nisso mesmo que se resuma a "importância" do divã que virou símbolo máximo (e caricatura) da psicanálise. Mas, foi aí neste lugar que Freud cada vez mais recolheu-se a partir do início de 1938, quando ao mesmo tempo que se submetia a mais, e dolorosas, cirurgias de seu câncer na mandíbula, Hitler colocava em prática seu desejo de anexação (Anschluss) da Áustria convocando o Chanceler desta para dizer-lhe que estava disposto a reparar este ato de "traição" histórica da Áustria. Foi nesta conversa com o Chanceler Schuscnigg que Hitler disse: "eu tenho uma missão histórica e vou cumprir esta missão, porque a providência me destinou a isso. Acredito inteiramente nessa missão, ela é minha vida". Seus delírios já haviam chegado a um ponto incontrolável.
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"O objetivo de toda vida... é a morte..." (Freud)
Freud sempre foi visto como um "advogado de Eros", um legítimo defensor da pulsão de vida, daquilo que nos impulsiona à satisfação do desejo, do prazer. Mas, um de seus conceitos mais intrigantes (embora pouco aprofundado pelo próprio Freud) foi o de "pulsão de morte". Aquela força, aquela ânsia, de se voltar a um estado de satisfação primordial, praticamente em um estado de decomposição. Ele dizia que, afinal de contas todos íamos mesmo morrer. E morrer, talvez significasse esse retorno a um estado de prazer há muito perdido pelo homem. É este conceito que está presente em muitas patologias psíquicas. Quantas vezes não desejamos a "morte", simbolizada naquele sonho impossível, naquela volta a uma situação onde experimentamos felicidade. Tudo isto pode simplesmente nos paralisar, nos aprisionar. A pulsão de vida, se nos leva a caminhar, a pulsão de morte nos faz querer ficar, como que inertes... depressivamente inertes!
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"Martha é minha...a moça doce de que todos falam com admiração, que apesar de toda minha resistência cativou meu coração já em nosso primeiro encontro, a moça que eu temia cortejar e que se aproximou de mim com magnânima confiança, que fortaleceu minha fé e minhas energias para trabalhar, quando eu mais precisava delas..." (Freud - carta à Martha)
Apesar de sua obstinada disposição investigativa Freud era também um homem romântico. Idealizou a imagem de sua futura esposa e seus laços com os amigos eram fortemente afetivos, complexos, intensos e repletos de ciúmes. Um homem como vários de nós. E isso nada tem a ver com ser "perfeito".
_____________Apesar de sua obstinada disposição investigativa Freud era também um homem romântico. Idealizou a imagem de sua futura esposa e seus laços com os amigos eram fortemente afetivos, complexos, intensos e repletos de ciúmes. Um homem como vários de nós. E isso nada tem a ver com ser "perfeito".
"Crio meus filhos... como filhos" (Freud)
Muitos fantasiam a ideia de que um psicólogo ou um psicanalista é sempre feliz e está bem "resolvido" ou, pelo menos, que isso fosse uma "obrigação" para ele, já que vai "cuidar" dos outros. Hum... complicado isso! Freud, certa vez, disse que criava seus filhos, como "filhos". O que isto significa? Talvez o mesmo que dizer que um cardiologista também pode... vir a morrer de uma deficiência no coração. Outra vez, respondendo à uma mãe que lhe questionara sobre métodos eficazes para a educação do filho, ele respondera que tudo o que ela fizesse poderia vir a dar errado. Ora, mulheres, amigos, filhos, não são pacientes, não estão sob análise. Como abrir mão disso? É na relação mais convencional com os que estão ao nosso lado que nos mostramos como realmente somos, passíveis de erros, de avaliações equivocadas, mas é onde mostramos também nossa paixão, nossos desejos... tudo aquilo que nos torna humanos e naturalmente imperfeitos. Tudo, ao final, é só uma fantasia mesmo, pois da mesma forma que precisamos ser implacáveis contra os erros em nossa profissão, necessitamos ter um espaço para errar, junto aos que estimamos. É isso que nos faz crescer.
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"Havia uma atmosfera de pânico em Viena que agora acalmou-se um pouquinho. Nós não nos juntamos ao pânico. É muito cedo, ainda não se podem prever as consequências de tudo que aconteceu. Por enquanto tudo continua como estava antes..." (Anna Freud - carta a Ernst Jones).
Anna, filha de Freud, escreveu esta carta a seu amigo Jones, já em meio a uma possível mudança para Londres, em exílio. A carta foi escrita pouco depois de 20/02/38 quando de um fortíssimo discurso de ódio contra a Áustria, proferido por Hitler no Parlamento alemão. Era inevitável e próxima a anexação. Na verdade, Freud nunca cogitara partir, mesmo nas fortes crises anteriores. Ele amava Viena, embora sofresse por suas ideias e por ser judeu.
Muitos fantasiam a ideia de que um psicólogo ou um psicanalista é sempre feliz e está bem "resolvido" ou, pelo menos, que isso fosse uma "obrigação" para ele, já que vai "cuidar" dos outros. Hum... complicado isso! Freud, certa vez, disse que criava seus filhos, como "filhos". O que isto significa? Talvez o mesmo que dizer que um cardiologista também pode... vir a morrer de uma deficiência no coração. Outra vez, respondendo à uma mãe que lhe questionara sobre métodos eficazes para a educação do filho, ele respondera que tudo o que ela fizesse poderia vir a dar errado. Ora, mulheres, amigos, filhos, não são pacientes, não estão sob análise. Como abrir mão disso? É na relação mais convencional com os que estão ao nosso lado que nos mostramos como realmente somos, passíveis de erros, de avaliações equivocadas, mas é onde mostramos também nossa paixão, nossos desejos... tudo aquilo que nos torna humanos e naturalmente imperfeitos. Tudo, ao final, é só uma fantasia mesmo, pois da mesma forma que precisamos ser implacáveis contra os erros em nossa profissão, necessitamos ter um espaço para errar, junto aos que estimamos. É isso que nos faz crescer.
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"Havia uma atmosfera de pânico em Viena que agora acalmou-se um pouquinho. Nós não nos juntamos ao pânico. É muito cedo, ainda não se podem prever as consequências de tudo que aconteceu. Por enquanto tudo continua como estava antes..." (Anna Freud - carta a Ernst Jones).
Anna, filha de Freud, escreveu esta carta a seu amigo Jones, já em meio a uma possível mudança para Londres, em exílio. A carta foi escrita pouco depois de 20/02/38 quando de um fortíssimo discurso de ódio contra a Áustria, proferido por Hitler no Parlamento alemão. Era inevitável e próxima a anexação. Na verdade, Freud nunca cogitara partir, mesmo nas fortes crises anteriores. Ele amava Viena, embora sofresse por suas ideias e por ser judeu.