Outro dia, assistindo ao programa na TV com o R. Cabrini, vi o quanto anda pecária nossa educação nas escolas públicas, principalmente. Digo principalmente, não exclusivamente, pois problemas muito sérios existem nas escolas em geral. Brigas contínuas entre alunos, presença da droga dentro da escola, total falta de controle por parte de diretorias, conflitos severos entre alunos e professores. Tudo isso revelando um quadro de indisciplina e apatia crescente e sem controle algum.
De imediato, pensei na total perda de autoridade por parte dos professores, e fiquei me perguntando, onde estão os pais dessas crianças e adolescentes? Sim, porque limites são colocados dentro de casa. Esperar que a escola faça isso é de um erro brutal para a educação de crianças e adolescentes. Mas, onde estão os pais dessas crianças e adolescentes?
Se ouvirmos os próprios pais vamos ver que algumas respostas se repetem: a mãe diz que é sozinha e não consegue controlar o filho (tentando chamar para si uma certa complacência); outros dizem que não conseguem impedir as "más companhias" (tentando transferir para os outros certas culpas), a maioria talvez diga que "está trabalhando" e não consegue acompanhar (mostrando a opção que fizeram pelo aporte exclusivamente "material"). Enfim, parece que estou sendo "duro", mas são todas "desculpas". É evidente que um caso ou outro se revela fora do controle dos pais, mas um caso ou outro. O que percebo é que tais "desculpas" estão se institucionalizando.
Por outro lado, se percebe uma faceta ainda mais monstruosa. Pais que, desde muito cedo têm filhos e que praticamente crescem e amadurecem "juntos". Ora, tudo isto conspira para uma imensa ausência de funções materna e paterna dentro da própria casa. E as crianças e adolescentes vão ficando por aí, ao sabor dos ventos que sopram.
Parece que estou sendo "duro" com os pais? Sim, estou! Ou a quem mais podemos chamar à responsabilidade nesses casos? Ou os pais não são os principais e quase exclusivos responsáveis pela educação de seus filhos? Mudou algo e não fui avisado?
Chega. É preciso falar duro, chamar à responsabilidade. Dizer claramente: "essa criança é sua, se responsabilize por ela. Lute contra o mundo, mas se responsabilize por ela". Muitos vão dizer, mas que estrutura os pais possuem para isso? Em primeiro lugar, pais não precisam ser ricos para dar uma boa educação (uma questão não tem nada a ver com a outra), e em segundo lugar, pais não precisam ter educação formal para educarem bem (estamos falando de valores e ética e isso não se aprende em escola).
Onde estão aquelas ideias que os pais tinham, antes, de que iam preparar seus filhos para serem pessoas melhores que eles? Onde foi parar este pensamento? Talvez tenha se perdido em meio à expansão consumista que trouxe consigo um rebaixamento cultural e de perspectivas sem precedentes. mas, nada disso serve de desculpa, pois, no fundo, a questão é entre os pais e os filhos. Que relação é essa de paternidade / maternidade que está se evaporando?
O resultado já conhecemos. A falência da autoridade paterna se reflete diretamente na escola com o absoluto desrespeito ao professor e qualquer noção de "limite". Pais estão tendo filhos como que "por acaso". Melhor que não os tivessem, pois não se movem para dar a eles um melhor preparo. São os pais "irresponsáveis" que, por algum motivo, não internalizaram a noção de paternidade / maternidade, e não possuem a mínima noção do que é criar um filho e prepará-lo para a vida em sociedade. E essa equação parece só estar proliferando, pois uma geração de filhos sem limites só pode resultar em uma geração de adultos irresponsáveis (que não se responsabilizam pelos seus atos em sociedade).
Não dá mais pra ficar "passando a mão na cabeça", é preciso adotar um discurso mais "duro", direto, de responsabilização, pois independentemente do que os pais façam, independentemente do tempo que tenham a dispor para os filhos, vão ter que ser inventivos o suficiente para dar a eles afeto e limites. Do que mais, essencialmente, as crianças vão precisar, no futuro?
Não estou atribuindo uma "culpa" aos pais. Mas os estou relembrando de suas "responsabilidades" que, no fundo, são intransferíveis. Não é o governo ou a escola que são responsáveis. São os próprios pais, em última instância. É deles que tem que vir a conversa, o acompanhamento, o afeto, a compreensão, a direção e os limites. Sem isso, a criança e o adolescente "perdem-se" em seus caminhos, sem ter a chance de poder fazer as pazes consigo mesmo, com seus pais, e com a sociedade.
Só um detalhe, não estou escrevendo para pais "pobres", mas para "pais"!