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quinta-feira, 1 de maio de 2014

Não quero ser somente ... "eu"!

As vezes pensamos tanto em buscar a nossa própria felicidade, as vezes nos concentramos tanto em sentir as nossas próprias dores que esquecemos que somos responsáveis por algo além de nós mesmos. Talvez isto não seja egoísmo, mas somente aquele desejo de ser feliz e ter alguma paz, e aí nos colocamos sempre em "primeiro lugar". 

Mas, e aquelas pessoas que dependem de nós? Existem momentos, então, que não podemos nos colocar em "primeiro lugar", afinal, quem sabe para sermos felizes não dependemos mesmo de lutar por fazermos os que estão mesmo do nosso lado felizes e retribuir um pouco do que já foi feito por nós? 

A felicidade e o fim de nossas dores, me parece, nunca é um processo "individual", uma conquista que alcanço "sozinho"! Eu preciso sempre de algo a mais, que seja mais do que simplesmente... "eu"! Não confundir isso com o fato de sermos "responsáveis" pela felicidade dos outros, embora sejamos, em parte, sim! Afinal os outros não são, também, responsáveis, um pouco, pela minha felicidade? Insistimos em ser felizes sozinhos, mas...

Isso parece ir um pouco de encontro aos pensamentos narcísicos, dominantes em nossa época. Mas quem disse que temos sempre que remar a favor da maré? As vezes é preciso coragem pra pensar e agir de forma diferente. 

(José Henrique P. e Silva)

quarta-feira, 16 de abril de 2014

A saudade que nos reconcilia com o sofrimento!

Em sua coluna de hoje no Estadão, o antropólogo Roberto DaMatta (clique para ler a coluna) nos fala sobre o "sofrimento" e a "saudade". Sabemos que é impossível se pensar em uma sociedade, ou uma vida, sem sofrimento. É só uma utopia nossa, um desejo irrealizável, pois até mesmo nossas memórias estão repletas de momentos de dor e, quantas vezes, encaramos a felicidade como fruto do próprio sofrimento. Não é esse o problema, afinal o sofrimento nos coloca frente a frente com coisas valorosas (honestidade, coragem, aceitação) que nos levam a tentar "reagir". Não há outra saída então, pois sendo impossível evitar o sofrimento é preciso "aceitá-lo" e reagir em prol da busca da felicidade. 


É aí que DaMatta nos lembra de Joaquim Nabuco (1909) dizer que "saudade" é a mais bela palavra de nossa língua, sempre nos levando a pensar em lembrança, luto, desejo e amor - "moedas do sofrimento". É esta palavra que nos reconcilia com o sofrimento, transformando dor, mágoa e ressentimento em... Saudade! 

Adorei esta associação entre sofrimento e saudade feita por DaMatta pois, vocês devem concordar comigo, não é à toa que sentimos muitas saudades do que "não vivemos". Como isso ocorre? Ocorre porque TENTAMOS, HEROICAMENTE, SUBLIMAR NOSSAS DORES DO PASSADO EM PURA SAUDADE DE UM TEMPO E DE UMA VIDA NÃO VIVIDA MAS QUE... DEIXOU SAUDADES.

Esta uma capacidade que temos, um RECURSO PSÍQUICO que utilizamos para lidar e aceitar o sofrimento que a realidade, sem nos pedir licença, nos impõe. A saudade, então, nos faz encontrar um pouco de paz com o passado e com a dor.


(José Henrique P. e Silva)


P.S (1) - Oi Eliana, que bom que gostou. O tema é controverso sim e dói e faz sorrir sim, dependendo do que vamos fazer com ele. Aqui, queria comentar essa "estranheza" Cláudia....a saudade, lá nas suas origens (até terminológicas mesmo) fala de algo que "partiu", que nos deixou "sozinhos", em solidão, algo que nos escapou...enfim...então a saudade é de algo que foi "vivido". Estamos falando mesmo de "perda", ainda que seja a perda de algo bom que vivemos. E a lembrança desse algo pode doer ou nos fazer sorrir. Quando nos faz sorrir sempre digo que a saudade é uma excelente companheira. Quando nos dói, geralmente usamos dois recursos psíquicos: tentamos "esquecer", não lembrando, sepultando, etc., ou tentamos "sublimar" transformando aquilo que foi vivido como dor em saudade de algo que, muitas vezes, sequer vivemos...

P.S (2) - Quantas vezes estamos assistindo a um filme ou lendo a um livro e nos deparamos com uma situação com a qual nos identificamos. Ficamos presos à narrativa, nos transportamos para ela, ficamos sem piscar esperando o desenrolar da trama. Muitas vezes esse desenrolar foi "melhor" que o que aconteceu na nossa vida...aí temos uma boa chance de sublimar, tentando transportar nossa dor para aquele final de trama e dando a chance de nossa dor se transformar em algo mais ameno, suportável...respiramos fundo e passamos a ter saudades daquele desenrolar, que não vivemos, mas que um pouco dele agora vai fazer parte da narrativa do nosso passado. Este tema é legal porque chama a atenção para o fato de que nossas lembranças não são formadas apenas pelo que "vivemos", mas também por "fantasias" e "desejos".