"Política é cálculo e oportunidade, paixão e frieza... É ação coletiva: carreiras solo dificilmente progridem e o companheirismo, as lealdades, as amizades pesam de forma determinante..." (prof. Marco Aurélio Nogueira, Caderno Alias do Estadão, 13.04.14)
Esta frase do prof. Marco Aurélio, de quem sou admirador, chama a atenção para algo virtuoso na política que é a capacidade de projetar o futuro num quadro de responsabilidades mútuas. Mas, como as melhores definições de política não encontram respaldo na realidade ou, quando encontram, é como farsa, o que seria essa "lealdade" ou "companheirismo" no dia a dia do mundo da política? Pra isso, recorro ao primeiro episódio da série "House of Cards" quando o político e protagonista Frank Underwood (Kevin Spacey) nos diz o seguinte:
"...Sou apenas o líder da maioria da Câmara. Faço tudo funcionar num Congresso sufocado por mesquinharia... Meu trabalho é limpar os canos e fazer o lodo fluir, mas não vou ser encanador por muito tempo, já cumpri meu tempo e apoiei o cara certo...RECIPROCIDADE, bem vindos a Washington".
É nesse sentido que muito da legítima e necessária lealdade e companheirismo se transforma, na prática, em fisiologismo, oportunismo e vantagens pessoais. Este é o mundo "real" da política, sempre muito distante das virtudes e próximo dos vícios. Por isso é sempre recomendável nunca deixar de ler Maquiavel, ele nos ensinou mais sobre política que toda a filosofia e a ética.
(José Henrique P. e Silva)
O link abaixo é o do artigo (muito bom) do prof. Marco Aurélio.