sábado, 14 de dezembro de 2013

Sobre a Interpretação na análise

Quando alguém inicia um processo de análise é claro que existem muitas fantasias acerca de tudo o que pode acontecer. Uma dessas fantasias é a de que o discurso do analista, quando ele faz a sua "interpretação" da fala do analisando, é algo muito poderoso e que traz uma "explicação" quase definitiva, ou um "conselho" superior. Besteira! E o pior é quando o analista começa a compartilhar dessa fantasia e acaba se colocando em uma posição de "poder". O que ocorre, pela experiência, é um processo de "construção" com o analisando permanentemente (não necessariamente "interpretação"). A interpretação, quando ocorre, se dá em raros momentos, e sempre de forma muito precisa e localizada. Afinal, tenho que ter o cuidado de só interpretar aquilo que o analisando tem condições de "metabolizar", do contrário... efeito zero, ou até contrário.

No caso de um sonho, por exemplo. É fundamental que ocorra um deciframento. Mas não é o analista que faz isto sozinho. Pelo contrário, ele pode até atrapalhar com sua ansiedade e teorização. O que ocorre, então? Um tremendo processo de "construção", onde o analista auxilia o analisando em seu discurso. É no contexto desse trabalho de "construção" que se forma o "vínculo" e ocorre a "transferência" das questões do analisando para o analista. Sair dessa posição de um "saber poderoso" é vital para um bom processo de análise.

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