Pensando nos conceitos de "esquerda" e "direita" C. Calligaris, em sua coluna de hoje (12.12.13) na Folha, aponta para a superficialidade de tais conceitos. Na ideia de uma maior intervenção estatal na economia, por exemplo, diz que isso poderia facilmente mobilizar seu "lado" esquerdista, mas como não pensar, imediatamente, em corrupção e burocracias ineficientes? Diz pertencer a uma geração de baby boomers cujos sonhos com justiça e dignidade nunca significaram ter que confiar em Estados, governos, entidades coletivas, partidos e opiniões dominantes. Mas, reconhece que aceitamos facilmente a tutela moral de Estados e governos, como se fosse normal retribuir assim os benefícios da social-democracia. Então, ser libertário, especula, é resistir a esta tutela moral do estado. Mas, hoje, segundo Calligaris, até a direita adora tutelar o cidadão, visto como vulneráveis e incapazes. A esquerda faz o mesmo, só que com o agravante, histórico, mas hipócrita, por ser insustentável, de declarar sempre querer o bem de todos, até dos que ela persegue. Ele cita o exemplo de François Hollande, presidente da França, que visita hoje o Brasil. Hollande apresentou uma proposta de lei pela qual é preciso abolir a prostituição e, penalizar os clientes das prostitutas, com multas e prisão. Calligaris, então, sugere que Dilma poderia lembra-lo que somos menos hipócritas, pois sabemos que o verdadeiro problema que o governo francês quer resolver não é a prostituição, mas a imigração de mulheres, que tentam ser livres trabalhadoras do sexo e que, em geral, não são vítimas nem de traficantes, nem de cafetões, nem de seus clientes. Por que não deixar em paz as prostitutas? De que tutela estatal estamos realmente falando? De imediato, penso: Será que só podemos ser cidadãos se entregarmos nosso destino aos Estados e Governos? É um bom tema!
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