quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Como lidar com a ausência do "poder"?


"Alguém que deixa o poder defronta-se antes de tudo com o fantasma daquilo que perde: os rituais, a vida distinta, os mimos e mesuras dos subordinados, o conforto do palácio. Precisa se acostumar com os ruídos alheios e esquecer o som da própria voz. Há quem diga que sente certo alívio ao voltar ao anonimato e se libertar da agenda carregada, das liturgias cansativas, do excesso de exposição. Mas a ausência disso pode se assemelhar a uma crise de abstinência, que termina por levar o ex-poderoso à busca inglória de um lugar ao sol semelhante ao que desfrutava nos dias de fausto" (Marco Aurélio Nogueira, prof. de Teoria Política da Unesp - O Estado de S. Paulo, 27/03/11, Aliás, J3).
Acredito nos que dizem ser um alívio, pois para este o poder pode ter machucado e ferido sua estrutura de personalidade, seu caráter, mas também acredito nos que dele sentem falta, como numa abstinência, pois para estes o poder servia como um sentido para sua vida, o eixo estruturante de sua personalidade e, sem o poder, como podem sobreviver sendo "mais um", como deixar de sentirem-se "nada" sem o poder? estão prontos para a separação? É claro que isto serve para nosso cotidiano, onde sempre imaginamos que a "posse" de algo é que nos alivia de nossas ansiedades ou angústias mais profundas. Precisamos aprender a "perder", a nos "separarmos", a nos depararmos com nós mesmos.

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