sábado, 4 de janeiro de 2014

17 dias

17 dias não chega a ser um período completo de férias, mas dá pra se sentir feliz, divertir-se, conhecer novas pessoas, farrear um pouco, enfim, dá pra dar uma boa relaxada. Mas, 17 dias também servem para rever toda uma vida, ficar dentro de um quarto com as janelas fechadas para nem notar se é dia ou noite, dá pra assistir 5 temporadas de uma série e mais 2 temporadas de outra. Dá pra comprar um monte de porcarias e levar tudo pra cama e dormir em meio a saquinhos e farelos. Bem, dá pra muita coisa. Dá pra fazer tudo isso e ainda curtir, mas dá pra fazer tudo isso e se sentir bem sozinho. Sozinho porque está distante daquela pessoa com quem já passou o maior tempo de sua própria vida; sozinho porque não sabe o que se passa na cabeça do filho que está prestes a se mudar e ir pra sua própria casa; sozinho porque você olha pra sua vida profissional e pensa no quanto poderia ter feito melhor; sozinho porque você abre sua agenda e descobre que todos os teus amigos estão bem ocupados com suas famílias e se divertindo; e sozinho porque de quem você esperava um abraço, que foi implorado, não veio até você quando mais precisava. Enfim, tudo isso pode ser bem desagradável.

Mas, é quando você olha para os lados e vê que não tem saída, não dá mais pra pedir socorro, não dá pra ligar pra analista, não dá pra ligar para os pais. E aí, o que fazer? Vai pular da janela? Hum... não! A opção é pelo sofrimento mesmo. Ele precisa ser enfrentado, cara a cara. A gente sabe, no íntimo, que pode aguentar mais um pouco. Então, vamos lá e mergulhamos no mais dolorido sofrimento. É a gente com a gente mesmo. Não tem mais ninguém por ali para pedir ajuda. Não tem SOS, não tem polícia, não tem bombeiro. É o momento do "SE VIRA!". Haja tempo pra tanto choro, pra tanto desespero, pra tanta confusão na cabeça. Cadê aquele colo que todo ser humano deveria ter numa hora dessas? Não tem! É o momento do "se vira" mesmo. Mas, os dias se passam, você começa a abrir a janela, começa a sair e ir buscar uma coisa melhor na padaria, começa até a notar que está fazendo um dia bonito. E a angústia, que parecia insuportável, vai se atenuando. No final, uma grande descoberta: Não estou tão sozinho assim. Ainda tenho a mim mesmo! Posso me reconstruir! Posso deixar de sofrer tanto pelos outros, afinal, sofrer por mim mesmo foi bem mais produtivo! Saio bem mais forte dessa. Foram 17 dias bem interessantes. Não vou esquecer jamais dessas férias!

2 comentários:

  1. Sempre tocando naquela " pontinha" do nosso pensamento...que não sabemos como resolver e então..parece que fica tão simples! Bacana, sempre!

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  2. Obrigado Nádia...são temas muito caros à gente né...! Um excelente domingo pra você!

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