O caso Elizabeth é um dos casos chamados "pré-psicanalíticos" de Freud e é fundamental para a estruturação dos alicerces de sua teoria psicanalítica. Trata-se de um caso que tem muito a dizer acerca da histeria.
Historicamente, a questão da histeria sempre disse respeito ao "corpo". Eram como que "humores" e "vapores" do corpo que, de alguma forma, alcançavam a mente. Ou seja, o corpo "enlouquecia". Só no século XIX é que a histeria passa a ter "no" corpo o local de sua manifestação, deixando de ser algo "do" corpo, mas da ordem do psicossoma.
A histeria seria, portanto, um modo mais "barato" para se lidar com a energia estrangulada. Barato no sentido de poder-se utilizar de deslocamentos dessa energia para escapar ao sofrimento intenso e se encontrar uma forma mais amena de sobrevivência. Nessa escala, o modo mais "caro" poderia ser o autismo, que acaba por cortar a relação com a realidade.
No caso de Elizabeth, sua perna era quem simbolizava suas questões edípicas, era ali que tudo se manifestava. A perna carregava em si suas questões. O corpo estaria ocupando o lugar, portanto, de um psiquismo que não dá conta de suas questões. Aliás, isso é a base da psicossomática.
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